A busca por motores mais eficientes e silenciosos levou diversas montadoras a adotarem a correia dentada banhada a óleo. Essa tecnologia passou a equipar modelos compactos e médios com motores de três cilindros, oferecendo uma proposta de maior durabilidade em comparação às correias convencionais secas. Porém, o uso desse componente trouxe à tona uma série de exigências técnicas que nem sempre são seguidas pelos motoristas.
Introduzida no Brasil principalmente a partir de 2014, a correia banhada a óleo se tornou parte de estratégias de engenharia de marcas como Chevrolet, Ford, Peugeot e Citroën. O objetivo era atender a normas de consumo e emissões, sem prejudicar o desempenho. No entanto, relatos de falhas mesmo dentro dos limites de quilometragem programados colocaram o sistema sob análise e motivaram mudanças em políticas de garantia.
O maior desafio não está no funcionamento da correia em si, mas na forma como os motoristas cuidam da manutenção preventiva. O sistema exige lubrificantes específicos, revisões dentro do prazo e atenção a ruídos ou falhas mecânicas, o que nem sempre é seguido. Com isso, a promessa de longa vida útil depende diretamente do comportamento do proprietário.
A correia dentada, ao contrário da corrente metálica, reduz o atrito e o ruído do motor, o que contribui para economia de combustível e funcionamento mais suave. A versão banhada a óleo surgiu como uma evolução do sistema, permitindo que o componente operasse imerso no lubrificante do motor, reduzindo desgaste e aumentando a vida útil.
Essa tecnologia está presente em modelos como Chevrolet Onix, Tracker e Montana, todos com motores CSS Prime. A Ford utiliza o sistema nos propulsores 1.0 e 1.5 Dragon, além dos 2.0 turbodiesel da Ranger e Transit. Já a Stellantis, por meio de Peugeot e Citroën, aplica a solução nos motores 1.2 PureTech de carros como o 208 e o C3.
O uso contínuo em motores de três cilindros atende tanto às necessidades de redução de emissões quanto de desempenho em faixas urbanas. Porém, o funcionamento adequado está condicionado à aplicação de óleos homologados e à execução correta da manutenção.
Embora projetada para durar até 240 mil km em alguns modelos, a correia banhada a óleo pode falhar prematuramente quando a manutenção não é executada conforme as recomendações. Entre os principais motivos estão o uso de lubrificantes sem os aditivos corretos e a extensão dos intervalos de troca.
Em alguns casos, a quebra da correia libera resíduos que entopem canais internos do motor, afetando polias e o desempenho geral do veículo. Por isso, ruídos, perda de potência e falhas intermitentes devem ser tratados como sinais de alerta. O problema é mais frequente em carros de frotas ou locadoras, onde o histórico de manutenção pode ser incerto.
Montadoras como a GM passaram a oferecer garantia estendida sem limite de tempo para os veículos equipados com essa correia, desde que as revisões estejam em dia e realizadas em concessionárias. O custo elevado do óleo com certificação, como o Dexos, e a exigência de ferramentas específicas para a troca também influenciam o comportamento dos consumidores.
O histórico de manutenção se tornou fator decisivo na valorização de veículos com correia banhada a óleo. Modelos com revisões feitas fora da rede autorizada ou sem comprovação de uso de peças originais sofrem maior depreciação no mercado de usados.
Além disso, o processo de substituição da correia é complexo, envolvendo desmontagem parcial do motor e uso de ferramentas específicas, o que torna o serviço mais caro. Isso afeta diretamente consumidores que adquirem veículos com alta quilometragem e histórico indefinido de manutenção.
Muitos compradores optam por evitar modelos que utilizam essa tecnologia devido à percepção de risco. A ausência de comunicação ativa por parte das montadoras, por conta da Lei Geral de Proteção de Dados, transfere ao consumidor toda a responsabilidade pela manutenção e acompanhamento técnico.
A recomendação padrão das montadoras é seguir o plano de revisões estipulado no manual do proprietário. Em geral, os intervalos variam de 80 mil a 240 mil km, dependendo do fabricante e do modelo. Em casos de uso severo, como em veículos de aplicativos ou frotas, o intervalo deve ser reduzido.
Outro ponto importante é evitar a troca de óleo em postos de combustível ou oficinas sem certificação, pois há grande incidência de produtos adulterados no mercado. Lubrificantes com preço muito abaixo da média podem não conter os aditivos exigidos, comprometendo a correia.
Segundo dados do setor, cerca de 10% dos lubrificantes vendidos no Brasil são falsificados. Isso reforça a importância de realizar serviços em locais confiáveis, com peças e fluidos homologados pelo fabricante.
Para consumidores interessados em veículos com correia dentada banhada a óleo, a recomendação é exigir histórico completo de revisões, preferencialmente feitas em concessionárias. É importante também confirmar o uso de óleos homologados e verificar a quilometragem atual em relação aos prazos de troca da correia.
Modelos de locadora ou sem registros claros de manutenção devem ser avaliados com cautela. Embora o custo inicial possa ser mais baixo, o risco de falhas ocultas e necessidade de substituição precoce da correia é elevado.
A Chevrolet, por exemplo, determina troca da correia após 240 mil km ou 10 anos, mas oferece garantia indefinida mediante comprovação de manutenção em rede autorizada. Esse tipo de política pode ser um diferencial na hora da compra.
A correia dentada banhada a óleo surgiu como alternativa para equilibrar eficiência e durabilidade em motores modernos. No entanto, seu desempenho está diretamente ligado à manutenção preventiva e ao uso de lubrificantes com especificações corretas. Ignorar essas exigências pode resultar em falhas e prejuízos mecânicos significativos.
Com isso, a escolha por um veículo com esse sistema deve ser feita com base em informações detalhadas sobre a vida útil da peça, histórico de revisões e uso de produtos originais. A tecnologia é funcional, mas depende da disciplina do proprietário para entregar os benefícios prometidos.
Fonte: Carro.Blog.Br e Brasil247.