O mercado de elétricos compactos na China virou uma espécie de laboratório de ego e eficiência. O BYD Dolphin reinava tranquilo, símbolo do avanço da marca que redefiniu o padrão de acesso a carros elétricos. Mas o Geely EX2, de visual arredondado e promessa de alto alcance, chega com energia de quem quer desbancar o queridinho do momento.
A Geely aposta na fórmula clássica: design que mistura monovolume e hatch urbano, interior espaçoso e um pacote de autonomia e preço que mexe direto na zona de conforto da concorrência. O EX2 não tenta ser futurista — tenta ser o novo normal. Em tamanho, ele briga na unha com o Dolphin, mas ganha uns litros a mais no porta-malas, algo que, no mundo real, significa mais mochilas, malas e compras do fim de semana.
Por dentro, o Geely parece mais contido. Enquanto o Dolphin ostenta o minimalismo colorido que virou assinatura da BYD, o EX2 é um carro que fala a língua de quem quer tecnologia sem precisar aprender um novo dialeto digital. O volante de dois raios e a multimídia central gigante lembram os SUVs da própria marca, mas sem o excesso de brilho.
A parte técnica revela a briga de filosofia: o Dolphin vai mais longe, o Geely tenta equilibrar preço e autonomia. São duas versões, de 80 e 116 cv, com baterias de 30 e 40 kWh e autonomia que vai de 310 a 410 km. Já o rival da BYD entrega 95 cv e 420 km de fôlego, enquanto o Dolphin Mini desce um degrau para encarar o EX2 de entrada. Diferenças pequenas, mas em um mercado onde cada quilômetro de autonomia é marketing puro, isso importa.
Nos equipamentos, a Geely não quer parecer “barata”. O EX2 vem com pacote ADAS de nível 2, painel digital, iluminação em LED e carregador por indução. É o tipo de recheio que ajuda a construir a imagem de um elétrico “completo”, algo que a BYD reserva só para as versões mais caras. Em outras palavras, o EX2 quer ser o carro elétrico que parece caro, mas custa menos.
O resultado já aparece nas ruas chinesas: o EX2 lidera as vendas de carros de passeio no país, com mais de 300 mil unidades só neste ano. A BYD continua maior como fabricante, mas o recado é claro — a era dos elétricos chineses deixou de ser sobre inovação e passou a ser sobre domínio. E o EX2 é o novo rosto dessa disputa.
Fonte: AutoEsporte..