O mercado automotivo brasileiro encerrou outubro com um resultado expressivo: o Volkswagen Tera, lançado há poucos meses, alcançou o topo do ranking geral de veículos de passeio e consolidou a liderança entre os utilitários esportivos. O feito não apenas confirma a força da marca alemã no segmento, mas também redesenha o equilíbrio entre as principais montadoras do país.
Foram emplacadas 247 mil unidades de veículos novos no mês, número 7,1% superior ao registrado em setembro. Apesar da leve retração de 1,3% em relação a outubro de 2024, o acumulado do ano mostra crescimento de 2,6%, com mais de 2 milhões de carros vendidos entre janeiro e outubro de 2025. A média diária de emplacamentos chegou a 11,2 mil unidades, o que reforça a tendência de recuperação gradual do setor.
Nesse cenário, o Tera surge como o grande protagonista. O SUV da Volkswagen registrou 10.162 unidades vendidas em outubro, superando rivais consolidados como Hyundai Creta, Honda HR-V e Jeep Compass. O desempenho confirma o acerto da estratégia da marca em apostar em um modelo posicionado entre o T-Cross e o Nivus, com proposta de espaço, preço competitivo e alto conteúdo tecnológico.
O sucesso do Tera tem reflexo direto na participação da Volkswagen no mercado brasileiro. A marca, que vinha oscilando entre a segunda e a terceira colocação entre as montadoras mais vendidas, se aproxima da Fiat, líder histórica. O desempenho robusto do novo SUV fortalece o portfólio da empresa, hoje com presença expressiva em praticamente todos os segmentos relevantes: dos compactos, com o Polo e o Virtus, aos SUVs com T-Cross, Nivus e agora o Tera.
O modelo vem se destacando por oferecer boa relação entre custo, desempenho e equipamentos. Na versão de entrada, o Tera parte de R$ 105.890 e já traz itens como central multimídia com conectividade sem fio, controle de estabilidade, sensores de estacionamento e conjunto óptico em LED. Nas versões mais caras, adiciona painel digital, teto panorâmico e pacote completo de assistentes de condução, o que o aproxima de rivais mais caros.
O levantamento de outubro mostra o domínio do Tera e a consolidação de um novo equilíbrio no mercado de utilitários esportivos. Logo atrás, o Hyundai Creta registrou 8.679 unidades, mantendo boa performance após atualizações de estilo e conteúdo. O T-Cross, também da Volkswagen, apareceu em terceiro, com 7.113 unidades, reforçando a força da marca no segmento.
O Honda HR-V, que recentemente ganhou nova motorização turbo, ficou em quarto lugar com 6.711 unidades, seguido pelo Jeep Compass, que vendeu 6.257 carros e continua relevante mesmo após alguns anos sem grandes mudanças. Completam o top 10 Nissan Kicks (5.721), Fiat Fastback (5.666), Chevrolet Tracker (5.290), Jeep Renegade (4.263) e Volkswagen Nivus (4.257).
O destaque negativo do mês foi o Toyota Corolla Cross, que caiu para o 13º lugar entre os SUVs, com 3.609 unidades, após ter figurado entre os líderes em setembro. A retração indica um momento de transição para o modelo, que enfrenta concorrência mais acirrada e já se prepara para uma reestilização.
A ascensão do Tera reflete uma tendência mais ampla: o público brasileiro migrou definitivamente dos hatchbacks compactos para os SUVs de entrada. Modelos como Fiat Argo e Hyundai HB20, que já dominaram o ranking de vendas, agora perdem espaço para utilitários que oferecem posição de dirigir elevada, aparência robusta e melhor percepção de segurança.
Segundo analistas do setor, a faixa entre R$ 100 mil e R$ 130 mil se tornou o novo epicentro do mercado de carros de passeio. Nesse contexto, o Tera chega como uma alternativa racional para consumidores que buscam espaço e conforto sem partir para SUVs médios mais caros. O modelo equilibra eficiência com motor 1.0 turbo de 116 cv e câmbio automático, além de desempenho suficiente para o uso urbano e viagens curtas.
O avanço da Volkswagen também pressiona concorrentes tradicionais. A Hyundai aposta no novo Creta Limited e nas condições comerciais agressivas — bônus de até R$ 15 mil e taxa zero em 18 vezes — para manter a vice-liderança. Já a Jeep, agora parte da Stellantis, tenta preservar o prestígio do Compass e do Commander enquanto prepara uma nova geração baseada na plataforma STLA Medium.
O grupo Toyota enfrenta o desafio de atualizar o Corolla Cross em meio à chegada de novos híbridos e elétricos chineses. O Haval H6, da GWM, já aparece em 14º lugar com 3.489 unidades, enquanto a BYD avança em outros segmentos, mostrando que o mercado nacional caminha para maior diversidade tecnológica.
Mesmo com o domínio dos SUVs, os compactos ainda ocupam posição importante. A Fiat Strada continua sendo o veículo mais vendido do Brasil, com 14.041 unidades, impulsionada pelo público que busca versatilidade e custo de manutenção reduzido. No entanto, o fato de o Tera ter superado hatchbacks tradicionais como Polo e HB20 mostra que o comportamento do consumidor passa por uma transformação estrutural.
Além disso, o crescimento dos SUVs pressiona a faixa intermediária de sedãs, que perdem relevância ano após ano. Modelos como Nissan Sentra, Honda City e Chevrolet Onix Plus mantêm participação modesta, sustentada basicamente por frotistas e locadoras.
Com o resultado de outubro, a Volkswagen projeta fechar 2025 com crescimento de dois dígitos no segmento de SUVs. O Tera deve consolidar-se como um dos dez carros mais vendidos do país e abrir espaço para uma nova estratégia de posicionamento da marca, que aposta em maior conectividade e eletrificação nos próximos anos.
O setor, por sua vez, encara o último bimestre com otimismo moderado. A expectativa é de leve desaceleração nas vendas por causa da sazonalidade e das taxas de juros ainda elevadas, mas os programas de incentivo de montadoras e a melhora no crédito automotivo devem sustentar o nível atual de emplacamentos.
O desempenho do Volkswagen Tera em outubro simboliza mais do que a liderança em um mês favorável: representa uma mudança de paradigma no gosto do consumidor brasileiro e uma resposta da indústria a esse novo comportamento. Ao combinar preço competitivo, pacote tecnológico e estilo moderno, o SUV alemão se torna referência em um segmento cada vez mais disputado.
Se a tendência se mantiver, 2026 poderá consolidar o Tera como um dos pilares da Volkswagen no Brasil e acelerar a reconfiguração do mercado de SUVs compactos. O desafio agora é manter o ritmo diante de concorrentes renovados e da chegada de novos elétricos e híbridos que prometem mexer novamente nas estatísticas.