O Renault Duster 1.6 consolidou uma presença forte no mercado de usados, sustentado pela combinação entre espaço interno, robustez estrutural e proposta de SUV acessível. O interesse crescente pelo modelo também expôs um conjunto de problemas recorrentes, especialmente nos motores mais antigos e no câmbio CVT, que se tornaram temas centrais entre proprietários e oficinas independentes. A convivência com o carro pode ser tranquila, mas depende diretamente de conhecer as diferenças técnicas entre as gerações e de avaliar histórico de manutenção.

Nos últimos anos, a mudança de motorização redesenhou a reputação do Duster. Os modelos equipados com o motor 1.6 K4M acumulam relatos de custos altos com a troca da correia dentada, enquanto as versões posteriores com motor 1.6 SCe reduziram significativamente os gastos, graças ao uso de corrente de comando. Ao mesmo tempo, a transmissão CVT continuou como ponto sensível no conjunto mecânico, com queixas sobre trancos, ruídos e perda de desempenho.
A experiência dos proprietários revela um SUV de qualidades evidentes, mas também de desafios que exigem atenção. Amortecedores dianteiros com vazamentos precoces, custos de reparo acima da média e variações entre lote e ano modelo influenciam diretamente o custo de uso. Mesmo assim, o Duster segue como alternativa atrativa para quem busca espaço e versatilidade sem desembolsar valores altos por SUVs mais modernos.
A principal divisão na linha do Duster está entre o motor 1.6 K4M, usado até 2016, e o motor 1.6 SCe, adotado a partir de 2017. O K4M é reconhecido por sua robustez, mas depende da troca periódica da correia dentada, um procedimento que exige mão de obra especializada e pode gerar gastos consideráveis caso não tenha sido realizado no prazo correto. Essa característica transformou o motor antigo na maior fonte de alerta para quem busca um usado.
Com o lançamento do SCe, desenvolvido em parceria com a Nissan, a Renault eliminou o principal ponto de desgaste do K4M. A corrente de comando dispensa substituições e melhora o consumo urbano, tornando o dia a dia do proprietário mais previsível. Essa atualização também deixou as versões pós 2017 mais valorizadas e procuradas no mercado, criando uma diferença real de reputação entre as duas fases do modelo.
Mesmo com as melhorias, a decisão entre as versões envolve avaliar orçamento, perfil de uso e histórico de manutenção. Proprietários experientes relatam que um K4M bem mantido pode ser confiável, desde que o novo dono saiba exatamente o que foi feito no carro.
Além dos motores, a transmissão CVT é outro ponto de atenção constante no Duster. Relatos de trancos, ruídos e perda de força são frequentes, especialmente em unidades com quilometragem ainda baixa. Em situações mais graves, o defeito impossibilita o uso do veículo e leva ao reboque, indicando fragilidade além do esperado para um SUV voltado ao uso cotidiano.
Os custos de reparo estão entre os mais altos da categoria e podem ultrapassar dezenove mil reais, dependendo do nível de dano interno. Proprietários que enfrentaram esses problemas relatam frustração, sobretudo quando a falha surge logo após o fim da garantia. Em alguns casos, a rede autorizada chegou a realizar reparos sem custo, mas essa não é uma regra. A imprevisibilidade da transmissão reforça a importância de testes longos antes da compra e de atenção redobrada a ruídos ou vibrações.
Mesmo com a resistência de parte dos consumidores, o câmbio CVT segue como escolha da montadora por favorecer suavidade e reduzir consumo. Seu bom funcionamento, no entanto, depende de manutenção rigorosa e do uso de fluido específico, o que nem sempre é observado em oficinas genéricas.
Os amortecedores dianteiros formam outra dor de cabeça para parte dos donos do Duster. Há diversos relatos de vazamentos prematuros, muitas vezes descobertos durante revisões de rotina, mesmo em veículos com baixa quilometragem. A substituição é cara e dificilmente coberta pela garantia, já que a peça é tratada como item de desgaste natural.
Em média, o reparo pode chegar a mil e novecentos reais, valor significativo para quem já assumiu um SUV com manutenção mais complexa que a de um hatch compacto. Alguns proprietários afirmam que os vazamentos se repetiram após a primeira troca, indicando variabilidade na qualidade das peças ou uso inadequado em vias de piso ruim. A situação reforça a necessidade de inspeção detalhada na suspensão antes da compra.
O conjunto de críticas afetou a percepção do modelo, especialmente entre consumidores que migraram de carros mais simples e se surpreenderam com o custo de manutenção. Mesmo assim, muitos seguem fiéis ao Duster pela relação entre espaço, porte e conforto.
Apesar das falhas mecânicas, o Duster continua atrativo por motivos claros. O espaço interno é um dos maiores da categoria, a altura em relação ao solo facilita o uso em estradas de terra e o porta malas de quatrocentos e setenta e cinco litros atende bem famílias. As dimensões generosas permitem que o SUV se comporte de maneira confortável mesmo com cinco ocupantes, algo incomum em modelos do mesmo preço.
As versões mais recentes também oferecem opções de motores mais potentes, como o 1.3 turbo de cento e setenta cavalos e vinte e sete vírgula cinco kgfm de torque, ampliando a gama de perfis atendidos. Essa versatilidade mantém o modelo competitivo e amplia seu apelo no mercado de usados, especialmente entre consumidores que precisam de espaço, mas não querem investir em SUVs mais caros.
Ao longo dos anos, o Duster mostrou que combina robustez, simplicidade e versatilidade, qualidades que se sobressaem quando o veículo recebe manutenção adequada. Isso explica por que, mesmo com críticas, ele segue entre os mais vendidos do segmento.
A situação atual do Duster 1.6 no mercado de usados reflete uma mistura de virtudes e desafios. A troca do motor corrigiu fragilidades importantes, enquanto a presença contínua do câmbio CVT e os problemas de suspensão ainda geram cautela. Para quem busca um exemplar, entender as particularidades de cada ano modelo e examinar o histórico de manutenção é fundamental para evitar gastos inesperados. O futuro do SUV depende de como a Renault continuará ajustando a mecânica e a experiência do proprietário, mas a base consolidada de consumidores indica que o Duster ainda terá vida longa no mercado de usados.